” Perdoai-nos as nossas ofensas; Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido; E não nos deixeis cair em tentaçãoMas livrai-nos do mal. Amém”
Tropa de Elite é o filme da moda. E está na moda pois tem sido a voz de muita gente. Nós da classe média, estamos vendo nos filmes o que gostaríamos de impor, não de ter ou ver, na vida real. Na estréia, no Cine Odeon, os espectadores aplaudiram o Capitão Nascimento torturando os bandidos. Nos jornais, os leitures entopem as sessões de carta para o parabenizar. Wagner Moura diz que se fosse na Suécia, não aplaudiriam. Ok, mas foi no Rio. E no Rio nós aplaudimos. Nós não. Minha classe.
Minha classe diz que bandido não entende outra lingua. “Oque falta nesse país são homens de coragem como o Capitão Nascimento!!!!” dizem os meus amigos. Dizer que “Só existe direitos humanos para os assassinos. Para os “cidadãos de bem” o que existe é uma liberdade de mentira.” já virou verdade absoluta. A regra é: Bandido não sabe o que é certo ou errado. Bandido não tem valores morais. Não adianta ser bonzinho. Tem é que baixar o cacete!
A opinião geral é que se os responsáveis pelo país não tem coragem de fazer o que tem que ser feito, vamos aplaudir àqueles que têm coragem de fazer. E não ficar falando em direitos humanos para bandidos. Bandido se enfrenta é com culhão. E não com discurso bonitinho.
Remo contra a maré. Acho que é por que gosto de ser do contra, mas isso não vem ao caso. Até acho que ta difícil consertar esse país. Até acho que essa geração já está meio perdida. Só não acho que também tenho que sujar minhas mãos. Passar por cima das leis, ainda que seja para “fazer o bem”, abrirá uma cratera nos valores da sociedade já tão desprovida de um norte.
Não autorizaria nem minha mãe a julgar, sob seus próprios valores, quem deve ou não viver. Como posso aceitar que concedam este direito ao primeiro bom moço que aparece.
Me livrem dessa tentação. O caminho mais fácil pode ser um caminho sem volta.
Ainda prefiro absolver um bandido à condenar um inocente. Infelizmente, todos parecem discordar de mim.
Mas e se fosse eu? E se fosse você? E se esse bom moço não for tão bom assim? E se ele estiver errado? Quem vai pará-lo? Quem vai impedi-lo? A justiça? A lei? Mas não é justamente esse poder que estaríamos dando pra ele?… o de agir fora da lei. O mocinho gosta da Lei. O bandido é que não. A violência nada mais é do que a terra-sem-lei. E de violência eu estou de saco cheio. Me desculpem, mas só um imbecil pode acreditar que construiremos a paz com um mundo sem mocinhos.